segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Gomenasai - A tradição do "desculpa"!

Todos os japoneses, nalgum momento da sua vida, pede desculpas, seja culpado ou não.  

Sempre que explode um escândalo que envolve políticos ou grandes empresas no Japão, pode-se ter a certeza que, em poucos dias, os media do país vai estar cheios de imagens de burocratas ou executivos curvados a pedir desculpas formal e publicamente.
O gesto não é um padrão estipulado pela lei. Mais forte do que isso, a cultura do gomennasai (que significa "peço desculpas"). É um ritual necessário em vários momentos na vida de um japonês, seja o motivo grave ou não.

Executivos da Uohilde, distribuidora de frutos do mar de Osaka, pedem desculpas por vender enguias chinesas afirmando que elas eram da região japonesa de Isshiki, que são três vezes mais caras

De irresponsabilidades que resultam em mortes até o simples fato de chocar com alguém na rua, pedir ou não perdão, por mais absurdo que possa parecer, faz grande diferença, segundo as tradições nipônicas. Seguindo a formalidade à risca, e dependendo do problema em que a pessoa se encontra, um simples acenar com a cabeça e um “gomennasai” bastam.
Em casos mais extremos, o culpado faz o doguezá (ajoelhar-se com a testa quase encostada no chão) acompanhado de um moushiwake arimasendeshita em alto e bom som (algo como ’sou culpado e não tenho nada a declarar a meu favor’). Não tão extremo e trágico se comparado aos rituais feudais, em que as pessoas tiravam a própria vida como pedido de desculpa ao senhor feudal.

Diretores do Hospital Municipal Asa, em Hiroshima, pedem desculpa após um erro médico que causou a morte de um adolescente de 16 anos.

Para se ter idea da dimensão que esta tradição tem, governadores, ministros e até mesmo imperadores na história do Japão já fizeram os seus pedidos formais de desculpas para reatar relações diplomáticas. Recentemente, o atual Imperador Akihito pediu desculpa ao presidente da Coreia do Sul pela ocupação japonesa na Coreia entre 1910 e 1945.

Dona do restaurante Senba Kitcho pede perdão após a descoberta de que o luxuoso restaurante de Osaka vendeu produtos fora de prazo.

Para um japonês, o pedido de desculpas é visto muito mais como uma forma de submissão à sociedade do que uma declaração de culpa propriamente. É um gesto de humildade, que mostra a insignificância e submissão do indivíduo frente uma sociedade maior e mais importante do que ele.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Teru Teru Bozu

Teru Teru Bozu (てるてる坊主, que significa "Monge budista careca") são bonecos feitos de papel ou pano feitos a mão. 

Os fazendeiros do Japão começaram a prende-los na janela como amuleto. O amuleto supostamente teria poderes mágicos para trazer bom tempo e prevenir ou parar os dias de chuva. Os teru teru bozu ficaram populares durante o Período Edo pelas camadas urbanas, em que as crianças faziam um dia antes do dia em que queria bom tempo.


Hoje em dia, as crianças fazem teru teru bozo com papel para não chover nos dias de excursão escolar ou de piquenique. Pendura-lo de cabeça para baixo significa que querem chuva. Os teru teru bozo invertidos ainda são comuns. Existe uma famosa cantiga de roda japonesa, associada a estes bonecos:

Teru-teru-bozu, teru bozu
Ashita tenki ni shite o-kure
Itsuka no yume no sora no yo ni
Haretara kin no suzu ageyo

Teru-teru-bozu, teru bozu
Ashita tenki ni shite o-kure
Watashi no negai wo kiita nara
Amai o-sake wo tanto nomasho

Teru-teru-bozu, teru bozu
Ashita tenki ni shite o-kure
Sore de mo kumotte naitetara
Sonata no kubi wo chon to kiru zo

Tradução
 
Teru-teru-bozu, teru bozu
Faz amanhã um dia ensolarado
Como o céu de um sonho que tive
Se estiver sol eu te darei um sino dourado

Teru-teru-bozu, teru bozu
Faz amanhã um dia ensolarado
Se o meu sonho se tornar realidade
Vamos beber muito vinhos doces feitos de arroz

Teru-teru-bozu, teru bozu
Faz amanhã um dia ensolarado
Mas se chover vais estar a chorar
E eu cortarei a tua cabeça com a tesoura.

Como muitas outras cantiga de roda, esta música tem uma história muito sombria do seu surgimento. Geralmente é associada com a história de um monge que prometeu aos fazendeiros parar a chuva e trazer tempo ensolarado num tempo em que a chuva estava a destruir as plantações de arroz. Quando o monge não conseguiu trazer o dia ensolarado foi executado. Vários historiadores japoneses discordam com esta versão da história.


Provavelmente "bozu" é o nome que se refere aos que tinham a cabeça raspada (como a do boneco), e "teru teru" é uma brincadeira em relação ao brilho do sol na cabeça raspada deles.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Dia dos Namorados no Japão

Estávamos no ano de 1958 quando um fabricante de chocolates de Tóquio teve a ideia de celebrar o dia de São Valentim criando um chocolate em forma de coração, e criar uma campanha que cativasse as mulheres para confessar o seu amor oferecendo o "seu" doce coração. Somente cinco foram vendidos no primeiro ano, mas com o passar dos anos foi-se tornando cada vez mais um acto social por parte das mulheres japonesas.


Logo no ínício do ano, as lojas ou armazéns começam a enfeitar as suas montras com enormes corações feitos de chocolate e a oferecer cartões de lembrança do dia que se aproxima, a televisão bombardeia as mulheres com mensagens subliminares de anúncios e alertas para o dia 14 de Fevereiro. Rapidamente chegamos ao fim do primeiro mês e a cada dia que passa torna-se mais díficil de comprar qualquer artigo por causa dos estabelecimentos estarem completamente cheios.

Originalmente, o dia dos namorados no Japão é comemorado de uma forma "sui generis", as mulheres dão chocolates aos homens para expressar o seu amor ou os seus agradecimentos. A este tipo de oferta, dá-se o nome de "Honmei-Chocco" (chocolate para o favorito), outro dos artigos mais oferecidos são as gravatas. Existe também outro tipo de oferta em forma de agradecimento, chama-se "Giri-Choco" (chocolate de obrigação).


Face à enorme força que os media têm no Japão e em especial a televisão provocada pela publicidade, o "Giri-choco" tornou-se mais popular que o "Hommei-Choco", e em vez de chocolate, oferece-se qualquer tipo de artigos. Normalmente o "Giri-Choco" é oferecido pelas O.L. (do inglês Office Lady, ou sejam as nossas empregadas de escritório) aos colegas e chefes da empresa. É uma forma delas agradecerem.

Mas quando toda a gente pensava que este acto poderia parecer extremamente simples, eis que um grupo de pasteleiros nos anos 80 e com o espirito consumista que caracterizam os nipónicos, decidiram criar o "White Day" (O Dia Branco). Todos os homens que receberam chocolates no dia dos namorados terão que devolver as ofertas um mês depois (14 de Março). O valor da retribuição deve ser mais caro que o da oferta, claro que não é obrigatório que isso aconteça, mas é uma forma de ser bem educado.

Fonte @ ClubOtaku
http://www.clubotaku.org/

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sapporo Snow Festival

Todos os anos, durante 7 dias do mês de Fevereiro realiza-se o Festival de Neve em Sapporo, ilha de Hokkaido e este ano não é excepção!

(Esculturas de 2010)

O parque de Odori torna-se num gélido museu ao ar livre com mais de 200 esculturas. O festival começou no passado dia 6 de Fevereiro e estender-se-à por mais uma semana, um evento que atrairá segundo os organizadores 2 milhões de visitantes.

O Festival de Neve começou em 1950, quando seis estudantes do ensino secundário construíram seis estátuas de neve no Parque Odori. Em 1955, a Japan Self-Defense Forces da base de Makomanai juntou-se aos jovens estudantes e construiu as primeiras esculturas de neve gigantes, e assim o festival de Neve de Sapporo ficou famoso. Já existiam festivais de neve antes desta mas tinham sido suspensas durante a Segunda Grande Guerra.

(Esculturas de 2008)

Devido à crise energética de 1974, as estátuas de neve foram construídas com cilindros. Isso ocorreu devido à escassez de gasolina causado pela crise e muitos dos camiões utilizados para transportar neve para o local não estavam disponíveis. No mesmo ano, a International Snow Statue Competition começou e desde então, muitos outros países entraram também em competição.

Quando a neve não é suficiente, é a Self-Defense Force, que consideram a participação como exercício de treino, que traz neve de outros locais. A base Makomanai, um dos três principais locais onde se encontravam as esculturas, a partir de 1965, recebeu a maior escultura de sempre. Este local foi suspenso em 2005 e mudou-se para o local Satoland Sapporo localizado em Higashi-ku a partir de 2006. 
Em 2009, Satoland foi transferido para o Tsudome (Comunidade Sapporo Dome que é um pavilhão de desporto).

(Esculturas de 2008)

Nakajima Park foi estabelecido como um dos locais do festival, em 1990, no entanto, foi retirado em 1992. O terceiro local, conhecido como Susukino Ice Festival (すすきの氷の祭典) está situado no bairro de Susukino e inclui predominantemente esculturas de gelo. O local foi aprovado como um dos locais do festival em 1983. Todos os anos, é eleita a rainha Susukino de Gelo, um concurso de beleza feminina.